Antes do autismo tudo era normal, tudo era fácil, mas eu não sabia.
Eu falava, minhas filhas atendiam.
Eu chamava, elas vinham.
Eu proíbia, elas não faziam.
Ser mãe era fácil.
Ser mãe era o paraíso.
Aí veio o autismo que entrou na minha vida feito um furacão, literalmente.
Tirou tudo do lugar,
Quebrou objetos,
Rabiscou paredes,
Testou minha paciência,
Ameaçou minha resistência.
De repente, ser mãe deixou de ser fácil.
O normal virou de cabeça para baixo.
Normal, então, era o anormal nosso de cada dia.
Eu fui mãe típica com o mesmo amor, mas, a maternidade atípica exigiu de mim uma criatividade que nenhum curso pré-natal, nem todos os livros para grávidas poderiam me preparar.
Filho autista vem sem manual de instrução, e sem tabela de desenvolvimento.
Mãe de autista mergulha no escuro, sem lanterna, e sem saber a profundidade do espaço.
Mãe típica se preocupa quando o filho não está bem.
Mãe atípica se preocupa até em sonho.
Ainda assim, ainda que me oferecessem um milhão, ou a possibilidade de voltar no tempo, sabendo tudo o que sei, hoje, eu não mexeria em NADA porque a vida me trouxe TUDO o que eu precisava para evoluir. Não só meu filho autista precisava aprender, mas, eu, mãe neurodiversa, precisava aprender mais.
A vida faz sentido quando a gente aceita o passado, e planta, no presente, o que quer colher no futuro que quer ter.
Feliz dia das mães a todas as mães que amam seus filhos.