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Um artigo recente (maio de 2019), publicado na Revista científica Autism, revela suposições que já vinham sido levantadas há alguns anos por cientistas, pesquisadores do TEA – Transtorno do Espectro do Autismo, de que pais e/ou mães de pessoas dentro do TEA têm uma alta probabilidade de possuírem, eles mesmos, diversos tipos de distúrbios de ordem psicológica, psiquiátrica ou psicossocial.

Segundo o texto original (disponível somente para assinantes), pais de crianças autistas experimentam altos níveis de estresse psicológico, porém, pouco se sabe sobre a prevalência de distúrbios entre os genitores. O objetivo da pesquisa – com revisão sistemática e meta-análise de prevalência – é a de calcular a proporção destes familiares que apresentam uma psicopatologia diferenciada, significante. A pesquisa inicial chegou ao montante de 25.988 artigos. Trinta e oito estudos com a amostra total de 9.208 pais foram incluídos na pesquisa final.

A média da meta-análise foi a de:

  • 31% para distúrbios de ansiedade
  • 10% para o TOC (Transtorno Obssessivo-Compulsivo)
  • 4%   para os Transtornos de Personalidade
  • 2%   para o alcoolismo ou abuso de substâncias químicas
  • 1%   para a esquizofrenia

O estudo apontou, ainda, uma significante heterogeniedade nestas categorias, demonstrando a necessidade de mais estudos que viabilizem o compreendimento das variantes que moderam esta psicopatologia parental. Os dados, acima, seguirão sendo estudados a partir da revisão sistemática da pesquisa.

Os métodos usados nesta revisão estão de acordo com o PRISMA (the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses), ou seja, com comprovação científica.

Em 2014, participei de um Congresso Internacional, na Holanda, cujo tema era “Autismo – Transições no Contexto Social”. Neste dia, o cientista americano, Prof. John Constantino, Professor de Psiquiatria e Pediatria da Universidade de Medicina de St. Louis (EUA) e seu colega belga, o Dr. Jean Steyaert, Chefe de Psquiatria Infantil do Centro de Expertise Autismo (Leuven), sobre os primeiros estudos neste sentido. Entre outros, observaram a incidência de pais e/ou mães de autistas com as seguintes desordens:

  • TDAH (Transtorno do déficit de Atenção com hiperatividade)
  • Transtorno Bipolar
  • Transtorno de personalidade Borderline
  • Depressão crônica
  • Distúrbios do Desenvolvimento (incluindo Autismo)
  • Transtorno do Processamento Sensorial
  • Transtorno Opositor Desafiador

Também foi observado, neste Congresso, que a Superdotação (em combinação ou não com os transtornos acima mencionados) também parece ser frequente em alguns pais ou mães de pessoas autistas.

Este artigo é estritamente informativo, e não tem a pretensão de assustar os pais e mães de autistas mas, exclusivamente, a de viabilizar informações com vista ao bem-estar da família das pessoas no TEA.

A população parental de crianças, adolescentes ou adultos autistas não precisa se alarmar, porém, em caso de dúvida, seria bom conhecer o estado da nossa sanidade mental, para o próprio bem e o de nossos filhos autistas, sem dúvida.

Referência do artigo:

Schnabel, A., Youssef, G.J., Hallford, D.J., Hartley, E.J., McGillivray, J.A., Stewart, M., Forbes, D., & Austin, D.W. (2019). Psychopathology in parents of children with autism spectrum disorder: A systematic review and meta-analysis of prevalence. Sage Journals; Nacional Autistic Society. DOI: 10.1177/1362361319844636

Estudo desenvolvido pela Universidade de Deakin, Instituto de Pesquisa Infantil de Murdoch e Universidade de Melbourne, na Austrália.

Contribuição: Athayleila Lira

Holanda, 23 de Maio, 2019

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